Descoberta: lagarto-escrivão é novo réptil exclusivo do Brasil

Krüger Balm

A Caatinga é o bioma com maior diversidade de répteis endêmicos (exclusivos) do Brasil, e essa representatividade só cresce: uma espécie de lagarto, chamada popularmente de lagarto-escrivão, foi descoberta no País, mais especificamente no rio São Francisco.

A novidade foi oficializada só agora, no mês de abril, mas o encontro com o réptil aconteceu em 2016, durante um trabalho de campo do biólogo e herpetólogo Thiago Marcial de Castro, no município de Buritirama (BA).

“Após criteriosa análise, suspeitamos que possivelmente se tratava de uma espécie desconhecida pela ciência, fato que foi imediatamente confirmado pelo Professor MiguelTrefaut Rodrigues, da Universidade de São Paulo (USP)”, conta o especialista.

Foram necessárias avaliações detalhadas do animal, uma vez que já existem espécies de lagarto-escrivão conhecidas no Brasil. “Elas são separadas por barreiras geográficas, seja por cadeias de montanhas ou pela presença de rios. Todas as espécies conhecidas de lagarto-escrivão são extremamente restritas a uma pequena área, não ocorrendo em nenhum outro lugar”, diz.

“Esse pequeno lagarto, recém-descoberto, tem patas vestigiais e mede no máximo sete centímetros de comprimento. A espécie é exclusiva de áreas de dunas de areia da região média do rio São Francisco, no estado da Bahia (BA), e leitos arenosos do alto rio Parnaíba, no Piauí (PI)”, completa Thiago.

De acordo com Thiago, algumas regiões do bioma apresentam especificidades, além de isolamentos geográficos, características que geram endemismos ainda mais restritivos.
Após a confirmação da descoberta, uma nova expedição para a região de Buritirama (BA) foi organizada com o objetivo de coletar mais indivíduos e, assim, dar início ao processo da descrição da espécie.

Preservação

A descrição de uma nova espécie tão restrita geograficamente reforça o valor ecológico da região de estudo e estimula a conservação, tanto do bioma Caatinga, como dos municípios onde essas espécies vivem.

“Encontrar e descrever a nova espécie do lagarto-escrivão foi apenas o primeiro passo para o fortalecimento da conservação regional, sendo esta uma grande ferramenta para criação de áreas protegidas, e possíveis unidades de conservação”, finaliza.

Mais sobre o estudo

A expedição contou com a participação de cinco biólogos (Thiago Castro, Miguel Rodrigues, Sérgio Souza, Thiago Soares e Mauro Teixeira Jr), os quais permaneceram na região de estudo durante 10 dias, tendo grande êxito no encontro de mais indivíduos da nova espécie do lagarto-escrivão.

“As análises genéticas e a produção do artigo científico foram etapas lideradas pelo biólogo Renato Recoder, da Universidade de São Paulo (USP), processo longo e extremamente criterioso, o qual levou aproximadamente quatro anos”, explica Thiago.

 

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