Para o administrador de empresas Fernando Trabach Filho, a inteligência artificial influencia cada vez mais decisões rotineiras de forma quase imperceptível. Plataformas de busca, redes sociais, aplicativos de transporte e até bancos já operam com sistemas que escolhem por você sem consulta direta. Essa automatização não é apenas uma questão de eficiência, mas de controle e previsibilidade de comportamento.
Ao consumir conteúdos online, o que você vê, lê ou ouve é previamente filtrado por algoritmos. Eles analisam preferências, histórico de navegação, localização e padrões de uso para entregar uma experiência “personalizada”. O problema é que, ao limitar as opções com base em previsões, a IA reduz a autonomia de escolha, o que pode criar um ambiente em que o usuário acredita estar decidindo, quando, na verdade, está sendo conduzido.
Que tipos de decisão já são automatizados?
O uso de sistemas inteligentes vai além de sugestões de filmes ou produtos. Ferramentas de recrutamento, por exemplo, utilizam inteligência artificial para filtrar currículos e definir quem avança nas etapas. Fernando Trabach Filho explica que há empresas que automatizam até o agendamento de entrevistas, baseadas em critérios definidos por algoritmos, muitas vezes sem supervisão humana.
Já no setor financeiro, por exemplo, aplicativos de banco utilizam IA para aprovar ou negar crédito, ajustar limites e bloquear transações suspeitas. Tudo ocorre em segundos, com base em dados históricos, comportamento de consumo e até localização do usuário. Em muitos casos, decisões com impacto direto na vida das pessoas são tomadas sem que elas saibam como ou por quê de imediato.

Isso é sempre positivo para o consumidor?
Nem sempre. Embora a IA torne processos mais rápidos, ela também pode reproduzir padrões, excluir usuários com perfis considerados inadequados e tomar decisões injustas. Fernando Trabach Filho frisa que a lógica algorítmica depende de dados históricos que podem conter distorções sociais, econômicas e até discriminatórias. O risco, portanto, é perpetuar erros e aprofundar desigualdades de forma automatizada.
É possível identificar quando a IA está decidindo por você?
Na maioria das situações, não há aviso explícito de que há uma IA por trás das decisões. Interfaces intuitivas e experiências “personalizadas” mascaram a presença do algoritmo. Fernando Trabach Filho destaca que essa invisibilidade é parte do desenho: quanto mais fluida a interação, menos o usuário questiona. Isso contribui para uma relação passiva e pouco crítica com a tecnologia.
Mesmo assim, existem formas de se proteger. Buscar informações sobre termos de uso, questionar decisões automatizadas e entender como os dados são utilizados são passos importantes. Também é essencial cobrar transparência das empresas e exigir regulamentações que limitem excessos. A IA veio para ficar, mas sua atuação deve ser clara, justa e auditável.
Olhar atento para o futuro
O avanço da inteligência artificial é também cultural e jurídico. Fernando Trabach Filho conclui que o uso ético da tecnologia exige supervisão humana, responsabilidade clara e mecanismos de revisão. Se hoje a IA já toma decisões por você, o desafio está em garantir que essas escolhas sejam corretas, transparentes e alinhadas com direitos fundamentais. A inteligência artificial não precisa ser um risco, desde que seu uso seja acompanhado de critérios éticos e responsabilidade social.
Autor: Krüger Balm